26 de abril de 2011

Seu Lucídio é um dos cinegrafistas do curso de Jornalismo. Um senhor negro, franzino e muito simples que estava sempre de um lado para o outro pelos corredores da Universidade auxiliando os acadêmicos de Comunicação.
Nós nunca conversamos. Nunca lhe disse nada que não fosse um "Boa tarde, seu Lucídio, tudo bem?", mas sempre nutri um carinho muito grande por aquela figura.
Sempre fui assim. Guardo uma admiração secreta por pessoas que não conheço, mas que de uma maneira peculiar mexem comigo.
Há cada "Boa tarde" apressado, seu Lucídio me lançava um sorriso aberto, sincero. E eu ficava imaginando qual seria a história de vida por trás daquele homem tão simples, tão frágil. E seu sorriso enchia meu dia de gentileza.
Ontem, no comecinho da noite, recebi a notícia de que seu Lucídio sofrera um AVC e está em coma. Senti o coração apertar.
Nossos dias andam tão difíceis, tão cheios de problemas e preocupações, que a possibilidade de perder o gesto de doçura de seu Lucídio me soou triste. Fiquei em silêncio por longos minutos, digerindo a informação e pensando no sofrimento de sua esposa, seus filhos. E um pesar de nunca ter sentado para conversar com aquele senhor, que mesmo sem saber trazia um pouco de alegria para minhas tardes.
As chances de recuperação são mínimas, mas ainda assim sigo rezando. Rezo para que sua família tenha fé e forças e para que todas as pessoas possam aquecer seus corações com um sorriso sincero de alguém, independente de quem seja. Tal e qual quando eu desejava "Boa tarde" a seu Lucídio.

P.S. Pouco antes das 17h recebemos a notícia do falecimento de seu Lucídio. Faltou-me fôlego. A tarde caiu silenciosa e triste para aqueles que o conheciam. Vá em paz, querido colega, iluminar o céu com seus sorrisos.

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