17 de outubro de 2010

Vai. Mas volta.


"Tempos e ventos e tardes e noites passando
De gente partindo, de gente chegando
Na vida da gente não falta saudade
E tudo que simbolize a paz
Deixe espalhado em sua casa
Violetas, flores e perfumes
Assim o nosso amor se manterá intacto

Ninguém ganha nada sem perder
Se manterá intacto
Fico aqui torcendo por você"

(Alma Djem)

Foto: www.floresiflores.blogspot.com

13 de outubro de 2010

Feriado

Foram dias de espera até os tais dias chegarem.
E depois foram dias de noites frias e dias quentes. Foram dias de dividir uma barraca com três pessoas e um colchão não muito confortável com você e não ter vontade alguma de trocar isso por uma cama confortável em algum outro lugar.
Foram dias de escutar músicas ruins e engraçadas praticamente o dia todo, dias de tentativas de permanecer mais de cinco minutos nas piscinas de águas geladas, dias de superar medos de altura e de tobogãs.
Foram dias de tentivas frustradas de dormir durante a madrugada enquanto os vizinhos de acampamento faziam folia. Dias de dividir cobertor e abraços contigo. E acordar com beijos e preguiça.
Foram dias de brincar no parquinho, de jogar sinuca, de dar muitas risadas. Foram dias de besouros e banhos frios. De lágrimas, saudade antecipada e de deitarmos na piscina rasinha, olhando para o céu azul, sem precisarmos dizer uma só palavra para que nos entendessemos.
Foram dias que não queríamos que acabassem.
Foram, muito provavelmente, os dias mais especiais. Por todos esses motivos, que só eu e você entendemos.

6 de outubro de 2010


Ela tinha 7 anos e era uma criança feia.
Tinha poucos amigos, nunca era convidada a entrar nas brincadeiras, era sozinha e aprendeu a fazer todas as coisas desta maneira. Preenchia as horas solitárias lendo livros e rascunhando textos.
Dia 21 de setembro aproximava-se e a professora daquela turma primária passou como tarefa uma redação sobre o dia da árvore. À noite, em casa, ela sentou em sua escrivaninha e passou boas horas pensando, escrevendo, apagando, reescrevendo... Aquilo tudo era tão prazeroso. Ela estava livre de atividades envolvendo números, formas geométricas, textos insossos de Estudos Sociais e Ensino Religioso...
Alguns dias depois, a professora apanhou os papéis sob a mesa e passou a distribuir as redações avaliadas. Fernanda, José Renato, Bianca, Flávia, Maykon... Seu nome não chegava nunca. O coração acelerado, as mãozinhas suando...
Restou uma única folha nas mãos da professora. Ela disse que aquele texto era especial e por isso leria para toda a turma.
Leu o poema sobre árvores com a entonação típica das "tias" do primário. A menina feia envergonhou-se, mas no fundo, estava orgulhosa de si. Recebeu a redação e um abraço apertado da professora. Talvez ela soubesse o quanto aquilo era importante para aquela criança gordinha e rejeitada. Talvez não tivesse idéia.
Naquele dia, a menina foi para a casa contente, querendo contar a novidade aos pais e avós. Sua mãe guardou cuidadosamente (e carinhosamente) o papel.
A criança feia ainda não sabia ao certo o que responder quando lhe perguntavam o que seria quando crescesse, mas a partir deste dia, sabia que nunca mais deixaria de escrever.
E continua escrevendo. Até hoje. Em seus cadernos, em sua agenda, em pedaços de papel e neste blog.


O papel em que foi escrito o poema continua guardado. Um pouco amarelado e puído pelo tempo, mas guardado.