1 de dezembro de 2010

Escolhas

A vida é feita de escolhas.
Ainda hoje conversávamos sobre essa coisa de "cada escolha uma renúncia" e talz.
Eu escolhi cursar Comunicação Social. E semana passada eu tive uma crise. Crise do tipo "Céus, porque é que estou fazendo Jornalismo?".
Eu acreditava piamente que queria ser jornalista. No Ensino Médio era uma das poucas pessoas que dizia com firmeza que curso gostaria de fazer. Passei com méritos em todas as faculdades particulares da cidade, mas o objetivo era a Federal e enquanto eu não passasse eu não sossegaria.
Passei para Letras (minha segunda opção) e decidi começar o curso. Seis meses depois, após muita encheção de saco por parte da minha mãe, prestei mais um vestibular para Jornalismo e acabei passando.
Chororô, alegria, trote, toda aquela palhaçada que acompanha o pacote "Passei no vestibular". Lembro a felicidade com que fiz a matrícula e o entusiasmo nas primeiras semanas de aula.
Tsc.
Dois anos depois e eu não me reconheço. Eu via o Jornalismo com outros olhos. Um curso alternativo e dinâmico, professores apaixonados pela profissão, colegas de mente aberta... E o que encontrei? Nada do que eu procurava.
Ok. Eu escolhi fazer Comunicação Social na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Mato Grosso do Sul, né? Quase uma fazenda. Se eu tivesse seguido os passos (e os conselhos) de meu pai, estaria formada em Medicina Veterinária, fazendo exames andrológicos e ganhando muita grana. Mas, mexer com bovinos nunca foi a minha praia e cá estou eu, em crise.
Entre um desespero aqui, um choro convulsivo ali, eu descobri que SÓ gosto de escrever. E SÓ gostar de escrever não significa (e nunca significou) que eu poderia ser jornalista. Eu não gosto de ter um tema específico para escrever, eu não gosto de trabalhar sob pressão, eu não me importo com a ética e com a cultura de massa. Eu não gosto de estudar os ângulos da fotografia e as ferramentas do CorelDRAW. Eu não aguento professores desinteressados. Eu aguento muito menos colegas que curtem Los Hermanos, fazem discursos políticos, fumam um e são preconceituosos até dizer chega. "Mas você tem um rosto ótimo para Tele". Caguei pro Telejornalismo.
É claro, nem tudo é ruim e eu sei que tudo isso não teria importância se eu realmente sentisse que tenho vocação para a coisa. Eu gosto de fazer entrevistas, eu me divirto narrando notícias na disciplina de Radiojornalismo, eu gosto das discussões inteligentes que vira e mexe começam durante as aulas, eu conheci pessoas maravilhosas, humanas e que certamente serão excelentes profissionais, mas, ainda falta algo.
Falta paixão, falta gostar do que se faz, falta vontade. Não consigo disfarçar o sorriso amarelo quando encontro os antigos colegas de Letras e eles me perguntam: "E aí, tá gostando de Jornalismo?"
Sinto falta das aulas de Semiótica, de Latim. Dos livros de Literatura Portuguesa, das citações poéticas. Meu conteúdo jornalístico é sempre tão literário. Ironias da vida.
Mas, a vida é feita de escolhas e eu escolhi Jornalismo. E todos dizem que eu devo continuar. E já na metade do curso, eu acredito que talvez seja a melhor opção.
Ou não. Vai saber.

3 comentários:

  1. E não é que seu sol e minha lua refletem nesse campo, xará?!

    Adorei o comentário lá no meu!

    Beijocas x)

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  2. posso dizer q pra quase tudo q descreveu tem uma correspondencia na minha vida no "jornalismo"
    e entendo totalmente o 'SÓ gostar de escrever não significa (e nunca significou) que eu poderia ser jornalista'

    só que Los Hermanos SEMPRE huahhuahshuash

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  3. "Mas você tem um rosto ótimo para Tele". Caguei pro Telejornalismo.
    Visualizei você dizendo isso. hehehe


    Ahh as tais crises, todo mundo tem. Afinal de contas a vida não é feita só de certezas né.

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